domingo, 10 de julho de 2016

Resenha: Memórias Inventadas - As infâncias de Manoel de Barros

Terminei de ler neste domingo mais um livro daqueles que encontrei no lixo e mais uma vez fiquei encantada com a leitura. Eu, como boa apreciadora e leitora dos poetas brasileiros (e estrangeiros também) já gostava de ler os poemas de Manoel de Barros, mas ao terminar esse livro, percebi que Manoel é um poeta de uma escrita apaixonante e que lê-lo é literalmente viajar na imaginação, já que nessa obra ele nos faz retornar aos tempos antigos, os tempos em que viveu sua infância no campo. Não sei como ele foi capaz de transmitir tanta beleza e simplicidade ao narrar sua infância! Confesso que fiquei morrendo de vontade de voltar a ser criança. E fiquei com mais vontade ainda de ter sido uma criança da roça, do campo, ter levado uma vida muito simples, mas cheia de brincadeiras e aprendizados diante de nossa grande mãe natureza. Mas mesmo que você nunca tenha pisado em um ambiente campestre, esse livro fará com que você consiga sentir as emoções da descobertas de uma criança curiosa já com grande senso poético, pois assim sempre foi Manoel. Ele nos mostra nessa obra que já nasceu com toda a sua sensibilidade poética, demonstrou-a muito bem durante toda a infância e que os anos e as experiências apenas serviram para aprimorar aquilo que ele sempre teve de mais belo. Esse livro desperta em nós essa vontade de retornar às coisas simples, de conhecê-las, mas principalmente de apreciá-las e valorizá-las. Abaixo, um trecho que me marcou muito:

"A importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem com barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que a Cordilheira dos Andes."

E não para por aí... cada página está repleta de relatos que com certeza tornarão suas horas de leitura muito mais deliciosas! Enfim, trata-se de uma leitura muito prazerosa, rápida, com humildes ilustrações feitas por sua filha Martha Barros (que é muito reconhecida na área da ilustração) e eu diria que é até obrigatória às pessoas que apreciam a simplicidade das coisas ou que querem aprender a apreciá-la. A está simples resenha eu daria o seguinte subtítulo: A infância, a natureza, a simplicidade e a poesia. Leiam Manoel! 



sexta-feira, 8 de julho de 2016

Fica, meu amor!

Mas como diz Chico Buarque em uma de suas canções: ''Fica, meu amor''. Assim também te digo eu: fica, meu amor. Fica, deixa as águas rolarem e levarem embora as palavras duras. Já que você veio, fica mais um pouquinho. Me traz de volta esse abraço gostoso, essa boca que encaixa perfeitamente na minha, seu cheiro que inebria meus sentidos... não vou te pedir muita coisa, exigir sacrifícios banais, apenas quero que fique. Fique e olhe as estrelas comigo, fale de assuntos corriqueiros, bagunce meu cabelo e eu prometo que nem vou reclamar quando a escova enroscar na hora de pentear. Fique e me deixe apenas olhar seus olhos, mesmo que não haja palavras. Fique e me beije muito, muito, muito, como se a vida fosse apenas beijar. Fique, mesmo sem compromisso. Se o amor não chegar, não tem problema, porque pelo menos aproveitamos cada segundo e fizemos ser bom. Mas se ele chegar, deixa que chegue e faça o que ele quiser fazer. E se ele, por acaso, já estiver escondido em algum lugar, deixe ele sair quando quiser... aliás, nem precisa deixar: todos sabemos que o amor sabe sair por conta própria, teimoso como só ele é, nem pede autorização. Fique e me deixe acariciar seus cabelos, morder seu queixo; nem precisa fazer a barba, te acho lindo até de ponta cabeça. Fique e continue mordendo meu pescoço até me deixar sem palavras... fique e me fale mais do seu vício em coca-cola, de suas teorias apolíticas, de sua ansiedade exagerada. Fique de qualquer jeito, mas fique, porque quando você fica o meu coração bate charmoso. Fique e me mande descruzar os braços, tirar a mão da cintura, falar mais baixo (o sangue italiano de professora de português abençoou minhas cordas vocais). Fique, porque eu me faço de durona as vezes, mas meu coração é mole e eu só fico quando vejo estrelas no olhar do outro. E no seu, eu vi esmeraldas. Fique, elogie meu cheiro, tenha a mão cada vez mais boba, aperte minha cintura e acabe com meu cabelo. Nada melhor do que ficar descabelada pelos motivos certos! Mas, te peço uma coisa: só fique se quiser, se eu for importante. Você sabe que é livre pra ir e apesar de tudo o que tenhamos dito um ao outro, sei que você gostaria de ficar; no fundo, algo me diz que eu balancei algo em você, que minha química se misturou legal com a sua e tudo é apenas uma questão de ajustes. Enfim, fique! Fique e eu te prometo que não vou mudar sua vida, acabar com seus problemas, ser a garota perfeita ou sua mais secreta fantasia, mas prometo que serei algo e ficarei ao seu lado não porque me tens algo a oferecer, mas apenas pelo prazer de ficar!