sábado, 27 de junho de 2015

A vida é um gerúndio

Tem horas que refletir é sagrado!
Momentos que a mente voa,
a alma corre,
o tempo soa
e o corpo escorre.

Sentado no balanço da vida,
tudo vai, tudo vem
e você não sabe
se voa ou se contém.

O dia vai passando,
você vai lutando
cansado do eterno gerúndio
que a vida nos faz permanecer.

Indo...
Vivendo...
Amando...
Tentando...
Chorando...
Cantando...

E o tempo vai correndo...
Tudo segue andando...
Até que um dia
só nos reste o infinitivo. 

sexta-feira, 26 de junho de 2015

O terror da água

Quantas pessoas você conhece que ficam de meia hora a quarenta minutos tomando um simples banho? Quantas que lavam o carro sem ter a menor necessidade? E aquelas que escovam os dentes com a torneira aberta, lavam roupa do mesmo jeito e ficam enchendo e esvaziando piscinas? Fora aquelas criaturas demoníacas que ficam três horas lavando a porcaria de um quintal ou ainda ficam jogando água atoa na calçada e até mesmo no meio da rua. 
Todo mundo já está cansado de saber sobre a crise de água que estamos enfrentando. Basta ligar a televisão e ela já está lá, estampada na nossa frente, para todos aqueles que ainda tinham alguma dúvida sobre o tema. E cá entre nós, mesmo se a água não estivesse em crise, por que você sentiria prazer em desperdiçar um recurso natural que nos foi concedido pela natureza para ser usado com consciência? Tudo bem, idiotas sem respeito como somos, podemos até afirmar que a culpa da falta de água não é exclusivamente da nossa pessoa. Mas eu trouxe uma novidade para você: a culpa é toda nossa! A culpa é minha e também é sua!
Desde pequena, descobri que tenho sentimentos assassinos. Isso mesmo! Você pode até ficar assustado e querer chamar a polícia e fique a vontade para tal. Mas sempre que vejo alguém desperdiçando esse recurso natural tão belo, maravilhoso e essencial para a existência humana, sinto vontade de matar a criatura (porque para mim, isso não pode e não deve ser chamado de ser humano, já que de humano não tem absolutamente nada!), esfaquear, atirar um machado na cabeça e ver o sangue escorrer com a maior alegria já sentida. Porém, INFELIZMENTE, eu AINDA estou com o juízo são e não farei isso. Mas, com certeza, atenho-me a desejar o pior destino para essa pessoa. Desejo que tenha a pior morte da face da terra e que sofra muito. Porque, sinceramente, uma pessoa que não respeita algo que ela própria usa e necessita, não merece viver. Eu penso da seguinte maneira: se você é infeliz e não gosta do mundo e da vida, pegue uma corda, uma arma carregada e suicide-se. Mas, por favor, não prejudique a existência de outro ser humano que não possui a menor culpa pela sua ignorância, falta de respeito e de cultura. Pense nas gerações seguintes, nos seus filhos e netos que você tanto diz que ama. Se os ama tanto assim, prove! Economize água e respeite a natureza para garantir-lhes um futuro feliz e de qualidade.


Resenha - A hora da estrela de Clarice Lispector

Mas não sabia enfeitar a realidade. Para ela a realidade era demais para ser acreditada. Aliás a palavra ''realidade'' não lhe dizia nada. Nem a mim, por Deus.
E então, eu li ''A hora da estrela''. Já tinha tentando ler esse livro umas três vezes, mas por algum motivo, eu nunca conseguia ir até o fim. Parecia que a linguagem da Clarice, o dito cujo do eu-lírico e o enredo da história se misturava todo na minha cabeça e acabava em nada! Mas, um belo dia, decidi que iria terminar essa leitura querendo ou não. E estou surpresa, porque logo no comecinho já percebi que estava envolvida e que dessa vez eu iria mesmo até o final.  
Vou contar um segredinho, cá entre nós: não sou uma das maiores fãs da Clarice Lispector! Já li outros livros dela e não gostei nenhum pouco. Principalmente aquele tal de ''Laços de família''. Mas tenho curiosidade de ler muitos outros que ainda não adquiri! Bem, quem sou eu para falar que não curto muito uma escritora tão amada e aclamada pelos mais importantes críticos literários? Exatamente, não sou ninguém! Mas, como todo leitor, eu também tenho minhas preferências. Na verdade, acho que essa minha implicância com alguns livros da Clarice, é porque ela é demais para minha capacidade de raciocínio. Pois é. Clarice possui uma escrita muito reflexiva, introspectiva, que mexe nas feridas da alma, que chega ao mais profundo da miséria humana. E a linguagem dela também não é tão simples quanto esses trechos de efeito que o pessoal insiste em ficar postando e repostando nas redes sociais. Ela é uma escritora que vai muito, muito além de uma frasezinha com mil curtidas. 
E foi tudo isso e muito mais que eu vi com meus próprios olhos em ''A hora da estrela''. 
Esse livro conta a história de Macabéa. Uma moça de 19 anos, alagoana, órfã, com pouco estudo, apenas umas noções bem reles de datilografia, que decide tentar a vida no Rio de Janeiro após a morte da tia que era a sua única, maldosa, porém companheira. Ela passa a trabalhar como datilógrafa e a morar em um quarto de pensão junto com outras moças. O emprego vai mal! A moça não tem noções de higiene, escreve muito mal, erra muito e sempre suja os papéis com as suas mãos mal lavadas. O patrão, com pena do jeito simples da protagonista, acaba deixando que ela fique mais um pouco no emprego, embora tenha desejado despedi-la. Macabéa meio que odeia  a si mesma, não possui o menor rastro de autoestima, aprendeu a reprimir todos os seus impulsos, é virgem, suja, mal cheirosa, tem uma péssima alimentação, não sabe se expressar direito e é invisível, ou seja, ninguém nota sua existência. Até chegou a arrumar um namorado, mas as coisas vão de mal a pior. Além do mais, ele não tinha nada do ''bom moço'' que ela imaginava. A personalidade dele era meio psicopata, perigosa, questionável.
Enfim, é impossível descrever totalmente as características da protagonista. Macabéa é a personagem mais miserável que já conheci na literatura! 

Acredito que cada leitor possui uma interpretação diferente do livro e da protagonista. Mas para mim ele proporcionou diversas reflexões sobre a nossa própria existência humana, sobre como deve existir outras macabéas por aí e como as vezes, nós mesmos, nos deixamos ser Macabéa. É uma leitura rápida e curta, apesar de não ser muito simples, mas que recomendo muito para os que gostam de refletir sobre a pequenez da vida. 


O vídeo acima é o filme ''A hora da estrela''. E vale muito a pena assistir, porque é muito fiel ao livro. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Chatice e eu

''Ué, criatura, você mudou a cor e o modelo desse blog DE NOVO?'' Fui eu mesma quem me fiz essa pergunta. Até esses dias o meu blog estava todo cor de rosa e com o nome bem destacado lá no início. Mas sabe o que é... eu não estava feliz com isso!
O template rosa que eu estava usando foi criado por uma menina simpaticíssima que conheci no Facebook e ela até me cobrou pouco, para fazer um bom trabalho. Fui eu mesma, que de teimosa, escolhi a cor rosa, mesmo sabendo plenamente que enjoaria ao passar de alguns meses. E não deu outra! Já não conseguia mais nem escrever no blog, nem sequer abri-lo, porque por algum motivo aquela cor estava me dando asco. Foi então que eu fiz o que eu faria com qualquer outra coisa na vida e que inclusive fiz com o cabelo: voltei ao estado inicial. Sim, estou usando novamente o modelo simples do blog e sei que logo, logo a cor dele e o estilo também vão me deixar enojada e causar dor nos olhos, mas pelo menos ficou muito mais discreto e transmite um pouco mais de seriedade. Acho que prefiro deixar os blogues cor de rosa para as meninas que falam de maquiagens, produtos ou qualquer outra coisa para o público feminino. Achei que aquele rosa lindo não estava combinando com a cor natural dos meus poemas. Mas quem pode garantir que eu não vá voltar para ele? Isso mesmo, ninguém! O nível de enjoo estava tão alto que cheguei até a criar um outro blog só para publicar poemas. Mas depois eu pensei: para quê, se eu já tenho esse que está prontinho da silva, todo arrumadinho, com as minhas visualizações, seguidores, perfil etc? Então, voltei para o original, organizei-o de maneira bem simples e estou felicíssima. Como é bom se livrar de um peso, né?
Além do mais, eu também acho que muita cor, brilho e anúncios, tiram a atenção do leitor, que com certeza não entrou em um blog para ver ''ostentações'' e sim textos. Eu mesma me sinto um pouco incomodada quando o site é muito atrativo, que até prejudica a leitura das postagens. Quero que os textos, os poemas sejam o centro da atenção e não os reles acessórios que compõe a página. 
Bom, pode não parecer tão claramente, ou talvez pareça muito mais do que eu imagino, mas eu sou meio chata mesmo em alguns aspectos. Algumas cores me incomodam profundamente e seria capaz de fazer uma lista enorme com coisas que eu jamais toleraria. Mas, resolvido o problema, voltarei a publicar aqui com a frequência que me for permitida e espero poder contar com a leitura de todos. 


A dor e o ser humano

Ontem, dia 24 de junho, recebemos a trágica notícia do falecimento do cantor sertanejo Cristiano Araújo e da namorada de apenas 19 anos, por causa de um acidente de carro, onde supostamente o motorista teria pegado no sono durante a viagem da madrugada. 
Essa notícia abalou os amantes do sertanejo universitário, cantores famosos e pessoas comuns, como eu, que não sendo amante da música sertaneja, valorizo e amo a vida de qualquer ser humano. 
Infelizmente, como efêmeros seres racionais que somos, estamos sujeitos a isso e a coisa muito pior em cima dessa terra em que fomos jogados. Revoltamo-nos, pois é claro, todos queremos morrer de velhos e desde criança temos infiltrado na mente esse conceito de que só velho pode morrer. E deveria ser assim. Isso deveria ser muito mais do que um conceito mental, deveria ser uma realidade!
A verdade é que ninguém quer morrer. Você pode até repetir para o mundo que odeia a sua vida, mas já é clássico que se te for dada uma oportunidade para tal, você recua ferozmente. Todos amamos a vida, ainda que inconscientemente. Mas já que temos que fazer isso um dia, então desejamos que seja quando estivermos bem, bem, bem velhinhos mesmo!
Como humana que sou, não sentirei falta de um cantor sertanejo. Mas lamento eternamente a dor que sente neste momento a família do Cristiano Araújo e também da família da garota, namorada dele, que é o segundo filho que os pais dela já perderam. Sinto um pesar enorme por essas famílias e também pelos amigos. Essa é uma dor que um dia poderá ser mascarada, mas jamais poderá ser esquecida ou apagada. 
E mais uma vez digo que como seres humanos finitos que somos e como cristã que sou, proponho que devemos orar, ou até mesmo interceder mentalmente por essas pessoas que estão aprofundadas no terror do luto. E não devemos orar apenas por essas famílias específicas, mas por todas as famílias que um dia perderam alguém que tanto amam. Orar por todos os pais que perderam seus filhos, por todos os filhos que perderam os pais, as pessoas que perderam os avós, amigos próximos, cônjuges, namorados, noivos e até mesmo por aquela sua vizinha que perdeu o animal de estimação e sentiu que a dor fosse rasgar-lhe o peito. Por todas as grávidas que perderam seus bebês no ventre e também por todos aqueles que estão vivos fisicamente, mas que a muito já perderam as esperanças da vida. 
Devemos, sim, orar e não nos esquecer de que a dor do outro, também é a nossa dor. Porque somos uma única raça! Não importa se branco, negro, pobre, rico, famoso ou o João anônimo do bar da esquina, quando a dor nos toca, somos todos seres humanos. Podemos ser qualquer coisa e ser dono de qualquer título na face desse universo, mas somos apenas humanos quando as emoções tomam conta do nosso ser.