quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Descrença

Ser humano
é desacreditar as vezes
que por detrás das cortinas de pano
deve haver alguma surpresa boa.

Hoje desacreditei!
As vezes desacredito
e não consigo acreditar
no que já foi escutado ou dito.

Desacreditei...
e isso foi inacreditável
para tão profunda descrença
que hoje matou a minha crença.

Quando creio, sou feliz.
Não crer, ainda é a pior infelicidade
de quem já conhece a verdade.

Por: Miriã Pinheiro

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Resenha: Madame Bovary

Informações técnicas
Título: Madame Bovary
Autor: Gustave Flaubert
Editora: Nova Alexandria
Páginas: 360


Estou muito feliz por ter terminado a leitura de ''Madame Bovary''. O tempo, estava um pouco curto por ser o último ano de faculdade, mais o trabalho, a família etc e o blog estava um pouquinho de lado. Porém, não estava esquecido. Já que eu escrevo textos, poemas e outras coisas quase toda noite em um caderno, mas nem sempre dá tempo de postar. Mas aos poucos, vou voltando a postar todos os dias. Ontem, mudei o visual da página, pois já estava um pouco enjoada e tinha percebido que em determinados formatos de tela de alguns computadores, aquele layout impedia que o blog fosse totalmente aberto. Por isso, resolvi mudar!
Hoje vou falar sobre minha experiência ao ler ''Madame Bovary''. Bom, esse livro é um clássico da literatura e foi considerado o marco do Realismo, já que passou a mostrar um lado que os românticos ousavam em esconder. Foi escrito por Gustave Flaubert e gerou centenas de escândalos no ano de sua publicação, 1857. É bastante antigo, mas como todo clássico, jamais envelhece. Clássicos podem ser lidos na época em que foram lançados ou 900 anos depois, que sua importância será sempre a mesma. O livro também é chamado e conhecido como ''romance dos romances'', ou seja, não é para qualquer um! A edição que li foi traduzida por Fúlvia Moretto, que é considerada a melhor tradução da Língua Portuguesa. Outro fato interessante é que o livro só ficou conhecido por causa dos escândalos que provocou na população da época, chegando a levar Gustave Flaubert para os tribunais. Mas, deixando as informações técnicas um pouco de lado, vamos ao resumo do livro.
A história conta a vida de Emma, uma mulher burguesa, sonhadora e leitora assídua de romances apaixonados. Moça bonita e altamente elegante, casa-se com Charles, um médico do interior, completamente apaixonado por ela, o que parece deixar a relação entendiante para Emma. Na visão da protagonista, Charles não lhe dá o que ela sempre sonhou, não a faz feliz, pelo contrário, apenas provoca-lhe tédio e cansaço, apesar de ser devotamente apaixonado. Nem após o nascimento de sua filha, Emma se sente capaz de amar esse homem a quem considera estar condenada por causa dos laços do casamento. Sentindo-se frustrada, Emma busca no adultério a satisfação de seus prazeres e fantasias, na busca de sua tão sonhada felicidade. Apesar de tentar, a protagonista nunca consegue se sentir satisfeita com sua vida e com o que possui. Vivendo, assim, uma vida de completa infelicidade, por tentar sentir amor por Charles, mas sentir-se incapaz de amá-lo. 
O final da história é bem interessante e realmente é um livro que prende o leitor, provocando curiosidade pelos próximos acontecimentos. No entanto, a leitura é um pouco longa. A versão que li possui 300 páginas, tirando a parte do fim que fala sobre o ''processo'' do qual o autor foi vítima. Acredito que seja um livro ideal para leitores maduros. Por que maduros? Essa obra foi escrita em uma época muito distante da nossa e é de origem francesa, portanto é óbvio que está repleta de termos difíceis e desconhecidos e isso para um leitor iniciante, pode provocar cansaço e um total desinteresse pela história. Por isso, é que eu recomendaria somente para os leitores mais maduros e persistentes. 

Curiosidade
Existe um desiquilíbrio psicológico chamado ''bovarismo'', que é quando a pessoa altera o sentido de sua realidade ou se considera outra pessoa. Geralmente, afeta pessoas que possuem uma realidade de vida frustrante. Esse termo está inserido nos dicionários de psicologia e surgiu por causa de um estudo baseado na obra de Flaubert. Esse desiquilíbrio, obviamente, carrega as características do comportamento de insatisfação da personagem principal da história: Emma Bovary. 

Boa leitura.

Por: Miriã Pinheiro

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Minha alma

Sempre imaginei que assim como as pessoas, as almas têm cor, estilo e aparência. Não consigo imaginar que a alma seja neutra, apática e igual para todos. Nós não podemos enxergá-las com os olhos mortais, mas eu sei que elas possuem aparência. A aparência de nossa alma está muito relacionada com o que somos, com nossos desejos e vontades. Imagino que elas sejam aquilo que queríamos ser de verdade. Imagino que elas sejam como nós somos de verdade. Elas, já que não são enxergadas por olhos comuns, podem ser da maneira que desejarem ser e ainda assim serem livres do preconceito humano. Algo me diz que minha alma é francesa ou portuguesa. Não sei explicar, mas me sinto em casa quando penso nesses dois lugares, vejo ou leio algo sobre eles. Talvez ela seja uma mistura dos dois e de outras coisas que eu ainda não tenha descoberto. Percebo que tenho alma antiga. Mas dessas bem ultrapassadas mesmo. Dessas que usam vestidos bufantes, são chamadas de senhorita e apreciam as coisas mais simples da face do universo. Minha alma é contraditória e quer ser várias coisas e estar em vários lugares ao mesmo tempo. Essa pobre senhorita desavisada não se contenta em ser comum. Quer conquistar o mundo!

Por: Miriã Pinheiro

domingo, 16 de novembro de 2014

O seu beijo

Nunca imaginei
que houvesse beijos
que pudessem tocar almas.

E quando você me beijou
soube que as almas 
também se beijam
em uma eterna noite de luar.

E eu te beijei...
E absorvi seu gosto...
E gravei seu rosto
naquele lindo mês
depois de agosto.

Desde então
em mim você existe.
E meu corpo apaixonado
recebe o comando desesperado
de seu doce amor
em mim inaugurado.

Por: Miriã Pinheiro



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel de Barros

Manoel de Barros
barreou o mundo afora
com palavras de barro
sabor chocolate.

Barreou a barra de muita gente
que se emociona com poesia.
Limpou a barra cheia de barro
de quem se incomodava com o barro da vida. 

Por: Miriã Pinheiro

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A chuva é a poesia

A chuva é a poesia da vida:
floresce os campos, 
fornece a água,
fomenta a alma.

A chuva é a poesia da terra:
promove plantios,
providencia limpezas,
parece grande riqueza.

A chuva é a poesia do coração:
refresca a emoção,
restaura a esperança,
reedifica a história.

A chuva é a poesia do universo:
a água que sacia,
a alma que implora,
a alegria que aflora.

Por: Miriã Pinheiro


Cecília Meireles, poema ''Retrato'' e releitura

E para comemorar o 103º aniversário de Cecília Meireles...


Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, 
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração 
que nem se mostra. 

Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
- Em que espelho ficou perdida 
a minha face?

Cecília Meireles

Releitura: Espelho

Esse espelho não reflete o rosto de ontem,
essa lágrima, até então, desconhecida,
esse olhar sombrio e interrogador 
que distorce meu semblante confuso.

Eu não tinha essa expressão secreta,
tão misteriosa, longínqua e dura;
eu não tinha esse medo 
de um dia me enxergar desse jeito.

Eu não percebi tal mudança,
tão abundante e enigmática:
- Afinal, de que mundo saiu 
esse espelho?

Por: Miriã Pinheiro

Dez versos para a minha vida

Na história da vida
sou quem segue em frente
sem mágoas, raivas
ou pesos de costas alheias
que pairam sobre mim durante a lida.

Respeito meu limite,
prezo minha paz.
Prefiro a muita experiência
para pouca idade
do que a dor sem necessidade.

Por: Miriã Pinheiro