segunda-feira, 23 de abril de 2012

Mais nada

Era o homem mais lindo que eu já pude ver em toda a minha vida, parecia um príncipe, mas nunca se comportou como um! Falo no passado, pois nada mais adianta, ele já morreu! Não digo que morreu fisicamente, mas eu o matei de dentro de mim, mas de vez em quando lhe dou uma breve respiração e ele volta a assoprar nos meus ouvidos, não como antes, mas bem vagamente.
Olho uma foto e me desmancho em lágrimas, nem sei porque elas escorrem, sendo que eu fui capaz de me convencer de que ele já morreu! Mas elas insistem em rolarem... As vezes durmo e sonho com ele, e posso dizer que é um dos poucos sonhos que mexem no fundo da minha alma, balançando-a lentamente, como uma roda gigante enguiçada. Eu não sinto mais nada, mas mesmo assim, choro! Me passam na mente, como um filme, aqueles olhares que nunca ninguém me olhou, aquele jeito de mexer os lábios, os cabelos tão pretos, ele parecia escorrer mel por todo o corpo...
Eu não me conformo, nunca entenderei o que pensava! Vejo a foto da outra, a garota com quem ele diz estar, e realmente, por alguns minutos, eu desejei muito estar no lugar dela, embora ela fosse tão diferente de mim. Mas logo, me lembro da sua morte, sua trágica morte, que foi tão aos poucos, tão dolorosa, árdua, mas talvez ele nem a tenha sentido como eu senti.
Eu realmente digo para mim mesma que não sinto mais nada, só essa dor, esse buraco, esse medo, essa cicatriz, esse vazio, essa escuridão que me cega e me deixa incrédula e enrijecida. Eu prometi que nunca mais falaria seu nome, e estou sendo fiel, até meu subconsciente está me obedecendo, talvez por medo de ver coisas mortas renascendo... Eu repito, trepito, não sinto mais nada!
Por: Miriã Pinheiro

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