terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Resenha: Noite na taverna e Macário

Informações técnicas:


Título: Noite na taverna e Macário
Autor: Álvares de Azevedo
Editora: Martin Claret
Páginas: 146



Acabo de terminar mais um livro: Noite na taverna e Macário.O livro é bem curtinho e dois dias foram o suficiente para terminar a leitura. Álvares de Azevedo é um dos meus escritores favoritos, mas para entender um pouco sobre suas obras, são necessárias algumas informações sobre sua vida e principalmente do movimento literário a que ele pertence: Romantismo. 

O Romantismo é um movimento literário, que assim como todos os outros, surgiu primeiro na Europa e chegou no Brasil no ano de 1836 com a obra ''Suspiros poéticos e saudades'' do escritor Gonçalves Magalhães. Esse movimento durou por volta de 45 anos e foi divido em 3 gerações: 
1ª Geração Nacionalista/Indianista
2ª Geração Ultrarromantica/mal-do-século ou byroniana
3ª Geração Engajada ou Condoreira.

Álvares de Azevedo está situado na segunda geração e foi o principal escritor deste período. Ele faleceu muito cedo, com apenas 20 anos de idade, devido uma queda de cavalo que causou complicações em sua saúde. O falecimento deste escritor se deu no ano de 1852 e todas as suas obras, cartas, discursos, poesias, teatro, só foram publicadas após a sua morte. Toda a sua obra foi escrita em apenas 4 anos. 
A segunda geração romântica era composta por escritores que tentavam reproduzir a conduta do poeta europeu Lord Byron aqui no Brasil, ou seja, alguns dos objetivos eram retratar a morte, levar uma vida boêmia e falecer precocemente. Em outra oportunidade, escreverei sobre Lord Byron, sua vida também foi muito interessante e foi um grande escritor romântico e é por causa dele que essa segunda geração leva o nome de mal-do-século (por causa desses escritores que queriam imitar a conduta do poeta europeu) ou byronismo (o nome é derivado do sobrenome do poeta em questão: Byron). Esta época era repleta de trevas, a morte era vista como uma musa desejada, havia muito amor não correspondido, mulheres ao mesmo tempo inalcançáveis e fáceis, brigas, excesso de bebida alcoólica, incesto (relação sexual entre familiares), satanismo e até necrofilia.  
A obra principal de Álvares de Azevedo é chamada de Lira dos vinte anos e se trata de uma obra poética, mas a que vamos falar hoje é escrita em prosa.
Ler essa obra me fez muito bem e tive ainda mais certeza do talento que possuía Álvares de Azevedo. A obra é muito bem escrita e elaborada e apesar da linguagem da época, é facilmente compreensível, acredito que seja por causa das emoções. O livro é tão bem narrado e organizado que as palavras parecem serem sempre as melhores combinações. O livro é repleto de epígrafes (coisa que eu adoro) e é bem típico de Álvares citar muitos nomes de autores, pintores, filósofos que foram intelectuais daquela época ou de outras mais antigas. Algumas frases contidas na obra me causaram grande impacto. A obra toda é escrita por sentimentos vivos, embora assombrosos, mas que não deixam de ser ligeiramente interessantes. 
Noite na taverna é a história de alguns amigos bêbados, que resolvem contar ''histórias'' assombrosas de suas vidas, que ninguém sabe dizer ao certo se estas são mesmo realidade ou mera ficção. As histórias são narradas em formas de contos curtos que levam o nome de quem vai narrá-las. O meu conto preferido foi o de Gennaro! Não há como resumi-los pelo fato de serem curtos, mas é uma obra que realmente vale a pena ser lida. 
E por último, mas não menos importante, o conto Macário conta a história de um jovem estudante que conhece pessoalmente o Diabo e mantém um diálogo com ele. O estilo é idêntico ao da obra anterior e é tão fácil de ler quanto. A obra lançada pela editora Martin Claret é excelente e possui uma clara explicação para todos os nomes citados que não são assim tão conhecidos para algumas pessoas e no final possui algumas perguntas de vestibular sobre as obras apresentadas.


Epígrafe página 25:
''But why should I for others groon
When none will sigh from me?''

(Childe Harold,I)

Tradução:

Mas por que eu deveria suspirar por outros
Quando ninguém suspira por mim?

Por: Miriã Pinheiro

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