quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Poema de seis faces

Quando eu nasci, um anjo cor de rosa
desses que não existem
disse: Vai, criatura! ser confusa na vida. 

E eu nasci, cresci
e passei a me interessar
muito mais em procurar as sete faces
do poema de Drummond de Andrade
do que em levar uma vida cansativa e pela metade.

E o bonde passa cheio de pernas,
e eu lá ligo para pernas?
Mas você deveria ligar, grita meu coração.
Porém meus olhos
não gritam nada. 

A mulher que escreve, 
só quer escrever.
Tem poucos, raros prazeres
a mulher que só gosta de escrever.

Meu Deus, por que não consigo decidir
entre o mel e a cera,
entre a maça e a pera?

Medo medo vasto medo,
se eu me chamasse Alfredo
seria uma rima rica
mas não existiria enredo.



Apenas fiz uma releitura de um dos meus poemas preferidos: poema de sete faces de Carlos Drummond de Andrade. Acredito que o poema tenha esse nome porque é composto de sete estrofes, sendo cada uma delas uma ''face'' do eu-lírico. 

Por: Miriã Pinheiro

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