quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Um dia perturbador

Chegar da escola esgotada, pensando em jogar um balde de gelo na cabeça, na esperança de conseguir acordar dessa dura realidade que a profissão tem me apresentado nos últimos dias, tem sido uma rotina. Nunca sei se é só comigo ou se é mais comigo. Só sei que até colocar a mão na cabeça dói quando chego em casa a noite. 
Entrar em uma sala de aula, fazer das tripas coração e se virar do avesso para conseguir um mínimo de atenção está me esquentando as engrenagens. O pior é entrar em uma sala se sentindo cheia de vontade de ensinar, de compartilhar qualquer coisa que seja, de explicar um tema ou até mesmo de receber algum respeito e depois sair de lá desgostosa, mal-humorada, com dores de cabeça e com a autoestima lá embaixo por não ter conseguido atingir um único objetivo está me deixando cada dia mais para baixo. Ultimamente tem sido raras as vezes que consigo sair um pouco agradecida e um tiquinho feliz de alguma sala de aula. Na maioria das vezes saio torcendo para nunca mais ter que entrar em uma. 
Já cansei de dizer que amo minha profissão e amo três vezes mais a matéria que escolhi estudar. Mas tenho asco à desrespeito e malcriação. Estou cada vez mais cansada de viver em um país onde leis só existem de enfeite e onde os direitos de uns são o tormento de outros. Cansei de viver em um lugar desequilibrado e preocupado apenas com coisas fúteis e sem cabimento. Estou farta de ver versões adaptadas de modos antigos que funcionavam muito bem, tornando-se meros museus, enquanto a falta de vergonha na cara tem assumido o papel de protagonista dessa nação. Algumas coisas só mudaram com a clara intenção de piorar! 
E ainda por cima é comum ouvirmos opiniões de quem nunca entrou em uma sala de aula ou que já saiu dela há muito tempo. São poucos os que tem coragem de enfrentar, mas quando o assunto é criticar, atrapalhar ou apresentar soluções absurdas, o número cresce instantânea e exageradamente. 

Por: Miriã Pinheiro

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