segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Cotidiano enfeitado

Sou repleta de quereres tão simples que sempre acabo levando fama de complicada e inquieta. Mas, na verdade, complicado é quem não consegue compreender desejos tão singelos quanto os meus. Não quero caviar, algas marinhas e cogumelos. Não almejo conquistar um closet lotado e um arsenal de sapatos caros. Nem de longe penso em querer ter um carro de último modelo ou um apartamento de frente para o mar. Quero o simples, o palpável, o visível e o amável.
Quando criança, gostava de customizar minhas roupas e mochilas com cola glitter. Eram desenhos de corações, flores um tanto desajustadas, contornos irregulares e meu nome escrito em diferentes formatos de letras. Minha mãe, coitada, ficava com vergonha em ver a filha toda chapiscada de glitter, mas não havia meios de me convencer à dar cabo de tal mania. Cresci, não faço mais desenhos em roupas e mochilas, mas ainda gosto de ter o prazer e a ousadia de construir meu futuro e meu destino com as minhas próprias mãos com esmalte vermelho. Fico feliz quando posso mudar, adaptar, contornar uma situação e adequá-la até que fique exatamente do jeito que imaginei. Minhas pretensões são as mais simples que alguém poderia ter. Não desejo conquistar o inalcançável, o surpreendente e o mais cobiçado. Não estou afim de ganhar mil dólares por semana ou de viajar para a Europa todo o ano. O que eu quero é a simplicidade de um cotidiano enfeitado de balões coloridos e repleto de corredores decorados com as mais belas flores. Quero tirar a felicidade para dançar em uma noite de lua cheia e fazer dela minha eterna companheira de vida e de dança. Quero ser livre para correr nos corredores harmoniosos do meu cotidiano e esbarrar todo dia com a tranquilidade que tenho buscado por noites a fio. Correrei, esbarrarei, dançarei e da minha vida serei a  principal autora.
Por: Miriã Pinheiro

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