segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O caminho da praia

Ana caminhava na praia deserta,
sentia a areia quente debaixo dos pés
e vez ou outra a água fria do mar
batia e voltava, como se sentisse pressa em seguir seu percurso.
E ela olhava para os lados 
e ao longe via índios
bravos, morenos, belos e serenos.
Pareciam viver tão bem
e não aparentavam vontade de conhecer qualquer civilização.
As ordem eram obedecidas, as crianças educadas, 
as mulheres trabalhadeiras e os homens valentes e corajosos.
Caçavam, plantavam, casavam-se entre si e ninguém reclamava de nada.
A praia deserta ficava abandonada e ninguém se preocupava com a história do lugar.
Diziam apenas que era uma praia que ninguém mais se interessava em ir,
era um lugar apenas para descansar ou refletir, mas nunca para diversão.
E Ana caminhava  e a floresta de mata virgem e verde que via ao longe
nada mais era do que um caminho alternativo, mas pouco usado, para a praia que estava.
E chegou perto da mata, tocou as folhas de algumas árvores, 
admirou flores até então nunca vistas por ela.
Reparou na altura das árvores e no verde casto de matos ainda intocados.
E o verde foi desaparecendo, as árvores foram sumindo, uma a uma sendo derrubadas.
A terra, antes macia e vermelha, ficou seca, áspera e poeirenta.
As flores diferentes haviam sumido e não havia pássaros por ali.
Tudo era apenas uma estrada de terra batida e sem graça como qualquer outra.
Não havia mais índios, só carros que atravessavam a estrada
em velocidade suficiente para que as pessoas não tivessem tempo de pensar
por qual lugar estavam passando!
Ana viu o passado e o presente em alguns minutos
enquanto passeava sem compromisso em uma praia deserta.
Teve consciência do chão que estava pisando
e a vergonha de ser civilizada, invadiu cada partícula do seu ser juvenil.
Ana soube que um dia, assim como aqueles índios, ela também seria passado
e aquele lugar, um dia, estaria pior do que estava agora.
Por um instante, Ana soube de que ela não era o mundo
e que nem o mundo estava nela.
O mundo era apenas o mundo
e o mundo passa, 
e o mundo muda!

Por: Miriã Pinheiro

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