segunda-feira, 14 de julho de 2014

Introspecção

Houve certas manhãs em que acordei e não sabia onde estava,
ou quantos anos tinha e o que tinha que fazer naquele dia.
Já levantei correndo achando que tinha que pegar o ônibus para ir a escola estudar,
mas quando dei por mim, estava lembrando de coisas que antes eu fazia.

Há dias que amanheço meio perdida,
não sei bem quem sou,
se enlouqueci ou dormi demais.
Pego-me tentando limpar o leite que um dia derramou.

Tento olhar para mim,
mas já não me reconheço.
Quem um dia fui,
sei que hoje desconheço.

O espelho não parece dizer a verdade,
encara-me carrancudo e choroso,
como se me incentivasse a sair de perto dele.
Abro a janela e espero por um dia chuvoso.

Saio e tento voltar a mim,
pergunto as pessoas da rua se elas já me viram.
Ninguém parece se lembrar ou se importar,
com aqueles que do medo ressurgiram.

Por: Miriã Pinheiro

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